Essa é a realidade da Elizabeth Ayres, que se aposentou depois de 34 anos em sala de aula e hoje dedica seu tempo às flores. A professora de 55 anos, sempre soube que sua paixão era ensinar, se tornou docente ainda aos 14 anos e quando decidiu se aposentar de uma coisa tinha certeza: não ficaria parada.
“Sempre amei ficar em sala de aula, quando me aposentei eu pensei: não vou ficar parada, eu vou fazer alguma coisa! Sou apaixonada pelos meus alunos, hoje eles são meus clientes, recebo muitos aqui”, declara Elizabeth.
De acordo com a psicóloga do Instituto de Previdência de Rondônia (Iperon), Enilsa Januário, se aposentar não significa parar tudo na vida, essa fase pode ser encarada como uma oportunidade. “De ressignificação, de novas atividades, que por um ou outro motivo não puderam ser desenvolvidas em outro momento”, motiva.
No caso de Elizabeth Ayres, decidiu investir seu tempo no jardim que tinha em seu quintal e, assim, descobriu uma nova paixão: as flores. “Peguei os pés de rosa do deserto que eu tinha e comecei a aprender a polinizar, fui perguntando pra um e pra outro, fui pra internet e fui aprendendo”, declara Elizabeth.
Ela lembra que o viveiro começou com apenas três rosas e hoje já tem aproximadamente cinco mil mudas. A ideia era que o viveiro fosse apenas um lazer da aposentada, mas com o tempo passou a envolver a família e se tornou um empreendimento. Para a psicóloga do Iperon, essa atividade que Elizabeth Ayres passou a desenvolver possibilitou maior integração e união familiar. “Meus filhos foram adotando também o negócio, me ajudam e também são apaixonados pelas plantas”, afirma Elizabeth.
O Viveiro Solayres foi construído no fundo da casa da aposentada, que quando notou que o negócio estava expandido e legalizou o empreendimento. Montado no lugar de uma desativada oficina de carros, o espaço deixou de ser um lugar cheio de graxa para se tornar o lar de muitas flores, como as suculentas, os cactos, orquídeas e a principal, a rosa do deserto.
HOBBY
“Hoje já fazemos buquês, cestas de café da manhã, no dia das mães vendi em média 800 mudas de rosas do deserto, faço de 200 a 300 enxertos por mês, dependendo do mês, vou plantando a muda, ela vai germinando e a gente já vai vendendo”, detalha. Em dois anos fora da sala de aula, a professora diz que se não tivesse montado o viveiro provavelmente estivesse com depressão, por ser uma pessoa muito ativa. Mais do que um empreendimento que rende lucros, as flores são o hobby da aposentada.
Para a psicóloga Enilsa Januário, estar ocupado, se sentindo produtivo na vida é benéfico para o bem-estar físico e mental do ser humano. “Além de ser um importante antídoto contra as doenças como a depressão. No caso da Elizabeth esse contato com a terra, com as flores, auxilia na sua higidez psíquica e maior qualidade de vida”, destaca.
Elizabeth Ayres afirma que por ser um hobby, não tem a visão de expandir o empreendimento em busca de mais lucros, de acordo com ela, apenas o prazer de poder trabalhar com algo que ama faz os negócios irem tão bem. Hoje dona Elizabeth desfruta o merecido descanso e também ocupa seu tempo com a sua paixão, e assim consegue aumentar a renda da família. “Eu dizia que quando me aposentasse queria poder dormir, queria descanso. Hoje, quando chega a tarde fazemos uma roda de colegas aqui no viveiro, é tudo muito bom”.
Texto: Jéssie Dias
Fotos: Jéssie Dias