A demanda pela polpa do açaí e seus derivados é crescente, principalmente após a “açaimania”, na década de 1990. Para suprir a falta de informações sobre o cultivo desta palmeira na Amazônia Ocidental, Noroeste do Brasil, e auxiliar no atendimento a esta demanda da sociedade, a Embrapa Rondônia disponibiliza o Sistema de Produção do Açaizeiro. Esta publicação conta com importantes informações técnicas e práticas para produtores, técnicos, estudantes e interessados no tema. Está disponível, completa e gratuita, no Portal da Embrapa Rondônia: https://bit.ly/2AT4kdA.
No contexto social e econômico, o cultivo comercial do açaizeiro é uma agroexploração de alta absorção de mão de obra pouco qualificada. Contribui tanto para a sustentação das famílias ribeirinhas extrativistas quanto na geração de empregos (diretos e indiretos) e sustentação econômica da cadeia produtiva do açaí, que abrange dezenas de pequenos produtores rurais e microempresários urbanos.
O Sistema de Produção apresenta as características principais do açaizeiro, condições agroclimáticas para a planta, produção de mudas, plantio e tratos culturais, uso da irrigação para a alta produtividade e redução da sazonalidade da produção, manejo das principais pragas e doenças e orientações para o manejo da colheita e pós-colheita do açaizeiro. São apresentados ainda dados sobre mercado e comercialização.
Na Amazônia Ocidental há ocorrência natural do açaí precatória (Euterpe precatoria Martius, variedade precatória Henderson) em terras altas e terras baixas (áreas inundáveis e igapós). Na Amazônia Oriental prevalece a ocorrência do açaí de touceira (Euterpe oleracea Martius, var. oleracea Henderson), principalmente nos estuários dos rios Amazonas, Tocantins e tributários. O açaizeiro da variedade precatória é comumente denominado de açaí solteiro, açaí precatória, açaí-do-amazonas, açaí-da-mata, açaí-da-terra. Enquanto o açaí de touceira, regionalmente, é conhecido por açaí-do-pará, açaí-de-estuário e outras denominações.
O cultivo comercial do açaizeiro nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia é pouco expressivo, quando comparado à área extrativista do açaí precatória, sendo explorado predominantemente por pequenos e médios açaicultores pouco tecnificados, não consorciadas e em regime de sequeiro (sem irrigação). Comunidades ribeirinhas, quilombolas, áreas indígenas e de antigas colocações de seringais nativos além de reservas extrativistas são os principais extrativistas do açaí na região.
No Acre o açaí precatória tem ocorrência natural em quase todos os municípios, sendo os principais produtores em sistemas extrativistas Feijó, Tarauacá, Rio Branco e Brasiléia. No Amazonas vários municípios extraem frutos de açaí precatória. No sul do estado destacam-se os municípios de Humaitá e os circunvizinhos na região do baixo Madeira e das rodovias Transamazônica (BR-230) e Manaus-Porto Velho (BR-319). Em Rondônia a coleta de frutos concentra-se a nordeste (vale do rio Ji-Paraná ou Machado), ao norte (vale do rio Jamari) e ao oeste e noroeste do estado (vale dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira). Juntas, estima-se que concentrem 95% da produção estadual. O restante é proveniente de áreas recentes com cultivo tecnificado, com irrigação suplementar, da cultivar melhorada do açaí de touceira BRS Pará.
Mercado e comercialização
A Região Norte respondeu, em 2016, por 98,6% da produção de frutos de açaí no Brasil, cuja quantidade produzida naquele ano foi de 1,3 milhões de toneladas, considerando ambos os cultivos racional e extrativista. O Pará é o principal estado produtor, seguido pelo Amazonas, Maranhão, Acre e Rondônia. A polpa é a principal forma de comercialização do açaí e o Pará é o único estado que vende parte de sua produção para o mercado externo.
De acordo com informações obtidas junto a processadores do açaí em Rondônia e no Amazonas, entre 85% e 90% da matéria-prima é de origem extrativista, cuja safra inicia-se em dezembro e termina em abril, com o restante sendo suprido por produção de plantios convencionais, cuja colheita se concentra (aproximadamente 70%) entre a segunda quinzena de outubro e a primeira quinzena de abril. A forma de comercialização do açaí extrativista é em latas de 18 litros, com peso aproximado de 14 kg. Na safra 2015/2016 o preço pago por lata variou de R$ 25,00 a R$ 30,00. O processamento do açaí é realizado por estabelecimentos industriais, na sua maioria, de pequeno porte.
Rondônia tem 310 hectares de açaí plantado, sendo que Buritis, Porto Velho e Candeias do Jamari são os maiores produtores. Avalia-se que toda a área é cultivada com a BRS Pará, primeira cultivar de açaizeiro de touceira, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental em 2005. Quando comparado ao açaizeiro nativo e não melhorado, a BRS Pará manejada adequadamente, pode expressar maior produtividade e maior estabilidade produtiva anual.
Fonte: Assessoria