Depois de quase 30 horas de julgamento, Katsumi Yuji Ikenohuchi Lema foi condenado a 16 anos de reclusão e 10 meses de detenção na noite desta quinta-feira (18). A 1º Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho começou a ler a sentença por volta das 22h30. A primeira sessão teve início na manhã da última quarta-feira (17). Katsumi terá que cumprir a pena inicialmente em regime fechado.
Após a reunião do Conselho de Sentença, ficou decidido que o réu seria condenado pelo assassinato a tiros do ex-prefeito de Candeias do Jamari, Chico Pernambuco, em março do ano passado. Ele foi apontado como o mandante do crime.
O corpo de jurados foi formado por sete pessoas – seis homens e uma mulher. Ao todo, 14 testemunhas foram ouvidas, sendo nove de acusação e cinco de defesa.
Segundo a sentença lida pela juíza Juliana Brandão, Katsumi foi condenado por elaborar o plano, contratar pessoas e conseguir recursos para a execução do crime. O réu ouviu a leitura de cabeça baixa acompanhado de policiais.
Segundo a delegada responsável pelo caso, Keity Mota, uma das testemunhas ouvidas no primeiro dia da sessão, Katsumi custeou o planejamento do assassinato. O motivo, conforme as investigações da polícia, foi porque Chico prometeu um cargo público ao agora condenado assim que fosse nomeado prefeito, mas não permitiu que isso acontecesse.
Na manhã do segundo dia de julgamento, Katsumi foi interrogado. Ele negou à juíza Juliana Brandão ter trabalhado na campanha política, na qual o primo era candidato a vice-prefeito.
Alegou ainda nunca ter pleiteado a chefia de uma secretaria e que ficou surpreso com o assassinato de Chico Pernambuco.
Chico Pernambuco, ex-prefeito de Candeias do Jamari, foi assassinado a tiros em março de 2017. — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
O que disse a acusação?
Durante a segunda sessão do julgamento, a acusação informou que o crime foi motivado por interesse político. A família Ikenohuchi teria financiado a campanha de Chico Pernambuco em R$ 100 mil em troca de cargos públicos.
Após as eleições, Chico teria discutido com Luis Ikenohuchi para que ele se tornasse prefeito de Candeias do Jamari no lugar da vítima. À época, Luis era vice-prefeito da cidade. Em contrapartida, Chico negou a sugestão e disse que “esse não era o acordo”. Foi quando o plano de assassinato começou a ser arquitetado.
Ainda conforme a acusação, após a negação de Chico, Luis teria pressionado Katsumi a procurar um pistoleiro para matar o ex-prefeito. Além disso, o réu teria ameaçado Chico ao dizer que “não o conhecia e não sabia do que era capaz”.
Após a pressão familiar, Katsumi contratou Marcos Ventura – já condenado pelo crime – para que ele colocasse o plano em prática, assassinando Chico Pernambuco a tiros de arma de fogo em março de 2017.
Nesta semana, a Polícia Civil confirmou que Luis Ikenohuchi também é investigado no caso. Os aparelhos celulares dele e da esposa foram apreendidos pela Polícia Civil como parte das investigações. Ao G1, o advogado do prefeito informou que Luis Ikenohuchi é inocente e que ele não tem qualquer relação com o crime.
O que alegou a defesa?
A defesa de Katsumi foi ouvida após a acusação. O advogado do acusado cobrou por provas e negou que o réu tenha sido o autor do crime. Segundo o assistente, as informações apresentadas pela acusação foram formuladas durante a fase inicial das investigações por meio de boatos.
Contou que as testemunhas que recorreram do processo não informaram que Katsumi teria mandado matar Chico Pernambuco por questões políticas. Disse ainda que o réu não teria dinheiro o suficiente para financiar um pistoleiro para assassinar o ex-prefeito.
Fonte: G1/RO