O ex-governador conseguiu tudo que queria do Legislativo mas resolveu que Maurão não tinha “estatura” para ser governador
Contrariando todos avisos e sinais de alerta, o presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho caiu no “canto da sereia” do ex-governador Confúcio Moura. Maurão construiu composições no legislativo, aprovou tudo que o Executivo mandava, mesmo não concordando, como foi o caso da criação do Conselho LGBTT, que depois de muitas críticas por parte de segmentos ligados às igrejas evangélicas, foi desfeito.
Confúcio, porém, nunca escondeu que não queria o deputado como candidato do MDB ao governo, à pessoas próximas afirmava que “Maurão é limitado”, e que “falta estatura para o cargo”. Se Confúcio mandasse no MDB seu candidato seria Wagner Freitas, ex-secretário de finanças do Estado.
Em dezembro de 2017, cansado de esperar pela definição do MDB, Maurão promoveu um jantar em sua residência. Queria sair dali com a certeza que seria candidato. Confúcio esteve lá, mas as fotos do evento já demonstravam que o cardápio não havia lhe caído muito bem. Maurão tratou de divulgar ao máximo que tinha apoio do partido, e a quem acreditava ser um aliado de primeira hora, viu que uma traição estava à caminho.
E o golpe só não funcionou porque o senador Valdir Raupp, um dos principais incentivadores da candidatura de Maurão, e também um dos “traídos por Confúcio” entrou no circuito e foi trocando alguns delegados da legenda que poderiam dar o bote na convenção. E foi graças a essa manobra de Raupp que Confúcio foi brecado.
Mesmo assim, em entrevistas e conversas com pessoas próximas, o ex-governador segue defendendo a candidatura de Wagner, e sempre que pode, alfineta Maurão de Carvalho. Mas, na semana passada o presidente da Assembleia deu uma notícia que Confúcio não gostou muito, a de que restaria apenas uma vaga para disputa ao cargo de deputado federal para o ex-governador, e não a de senado, como ele almeja.
Ao final de seu mandato, Confúcio conseguiu ampliar a fila dos que não gostam da forma como comandou o Estado por 7 anos e 3 meses. Incluindo centenas de famílias que estão ameaçadas pela criação de 11 áreas de reserva ambiental que estão atualmente sendo julgadas pelo judiciário. A assembleia vem brigando para desfazer as trapalhadas do ex-governador, mas ao que tudo indica, a lista é longa. Por ter concordado com tudo que o Executivo encaminhava, o próximo governador terá que administrar uma série de problemas, incluindo as questões orçamentárias, e claro, às dívidas deixadas pelo ex-governo da cooperação. Daniel Pereira está sentindo isso na pele, mas por enquanto a coisa está morna. Quente mesmo será 2019.
Primeiro mandato tumultuado
Maurão deu a Confúcio a tranquilidade para fazer todas as trapalhadas que queria, sem ser incomodado. O ex-governador enfrentou um começo complicado, quando tinha no seu encalço o então presidente da Assembleia, Valter Araújo (PTB). Um grupo de parlamentares que era mantido pelo ex-deputado, segundo denúncia do Ministério Público, era pago para “dar apoio político” a Valter. Veio então a “Operação Termópilas”, que prendeu o parlamentar e alçou à presidência Hermínio Coelho, que se tornou um dos maiores críticos de Confúcio.
Enquanto estava na presidência do legislativo, Hermínio apresentou dezenas de denúncias contra o governador e terminou sendo vítima de uma operação policial feita pela Secretaria de Defesa do Estado. O filho de Hermínio chegou a ser preso sem nenhuma acusação plausível. A Operação Apocalipse, conduzida de forma amadora, sem a anuência do Ministério Público, se mostrou um fracasso retumbante e até hoje ninguém foi condenado por total falta de provas.
Quando chegou 2014 Confúcio vislumbrou uma forma de se livrar do responsável pela atrapalhada operação, incentivando o então secretário, Marcelo Bessa a se candidatar à deputado federal. Bessa pediu exoneração do cargo com a promessa de que, se não fosse eleito, voltaria à comandar a segurança. No processo eleitoral, Confúcio bancou e apoiou a candidatura do delegado de Polícia Civil marcelo Flores, que mesmo não sendo eleito, conseguiu uma votação expressiva, bem diferente de Bessa. Ao fim do processo eleitoral, Confúcio disse à Bessa que ele “seguisse sua estrela”, através de uma mensagem pelo Whatsapp.
Quando Maurão assumiu a presidência da Assembleia, Confúcio escalou seu homem de confiança, Emerson Castro, para “colar” no presidente. E a ordem foi cumprida. Maurão foi paparicado, tinha emendas liberadas, e aos poucos foi construindo uma relação de amizade com o governo. Quando ingressou no MDB, acreditava que sua candidatura estava garantida. Só não contava com a traição.
Confúcio Moura é pré-candidato ao Senado, e vem buscando apoio para garantir isso. Porém, sondagens feitas por diversos partidos mostram que ele mais atrapalha do que ajuda o processo. A guerra agora é pela indicação, e vai ser travada na convenção que ainda não tem data para acontecer, mas terá que ser feita até o dia 5 de agosto. Até agora a queda de braço está à favor de Maurão, que conta com apoio direto do casal Raupp e da executiva do MDB. E ao que tudo indica, eles vão mesmo rifar o ex-governador da disputa ao Senado.
Fonte: Painel politico