A falta do recurso gerou corte no lanche das crianças da escolinha de iniciação ao voleibol e a energia do Ginásio
Os atletas da Associação Vilhenense de Voleibol realizaram na sexta-feira (22) no Ginásio da AVV, um manifesto referente à falta de pagamento do recurso que a Prefeitura de Vilhena e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente repassam para associação.
De acordo com a atleta Beatriz Rabito, 16 anos, uma das líderes do movimento, a ideia do manifesto surgiu com o objetivo de protestar contra as entidades responsáveis que não tomaram providências para resolver a situação da AVV.
“A gente se resolveu se juntar para organizar este protesto, porque temos que lutar por nossos direitos, e correr atrás do que a gente quer. Há seis meses que estamos sem receber nenhum recurso”, explicou Beatriz.
Já o atleta, Rodrigo Fernandes, de 17 anos, que também faz parte da liderança do manifesto, destaca que a falta dos recursos dificultam diretamente os atletas, que precisam continuar com os treinamentos e de verbas para poderem viajar para os campeonatos.
“Estamos aqui para lutar pelo o que é nosso, porque a gente ama isso aqui. Não é fácil ficar sem treino, porque temos nossos objetivos para o final do ano e se a prefeitura não ajudar, não tem como alcançá-los. Existe toda uma questão de locomoção de uma cidade para outra, e às vezes não é tão barato, por isso, precisamos de recursos para poder participar das competições” pontuou Rodrigo.
Em entrevista ao Folha, o coordenador da comissão técnica da AVV, professor France Lima, explicou que é a segunda vez que o recurso de R$ 80.000,00 destinado ao projeto sofre atraso, e, que esse ano, a diretoria da Associação está desde o dia 19 de janeiro, data que entregaram o projeto, na promessa de receberem a verba.
“Esse recurso já estava destinado para a associação desde o ano passado, quando o projeto foi aprovado. O que aconteceu, foi que a secretaria, até o momento, não empenhou esse valor para o pagamento. Estamos quase no mês sete (julho), sem receber o recurso”, disse France.
O coordenador explicou que, por meio da ajuda de voluntários e de professores, conseguiram manter os gastos da associação por um bom tempo e, que esse ano, das diversas competições que foram realizadas, só conseguiram participar de uma na categoria de base.
“Para participar, tivemos que fazer uma vaquinha com os atletas, além disso, o nosso lanche que conseguimos oferecer até o mês de abril, acabou sendo cortado. A diretoria fez de tudo para tentar manter o projeto. Entretanto, cortaram a energia e os atletas começaram a sumir,” contou o professor.
Atualmente, a Associação Vilhenense de Voleibol (AVV) conta com mais de de 150 atletas que atuam e participam das aulas todos os dias, além da escolinha, que era realizada nas terças e nas quintas-feiras.
“A escolinha é o nosso carro-chefe, porque é a partir deste projeto, que são revelados os atletas. Nós conseguimos tocar até agora, mas está difícil. O ruim é que sabemos que se a gente parar agora, dificilmente vamos conseguir conquistar os atletas de novo”, pontuou France.
De acordo com o técnico, a diretoria da AVV também realiza várias competições internas, como as avelíadas, festivais, competições e intercâmbios, oportunidades que se tornam atrativo para que os atletas permaneçam na associação.
“Esse ano não demos nenhuma medalha para o nenhum atleta nosso, porque não temos recurso. Todo ano, realizamos cinco competições na escolinha, e os atletas ganham medalhas e recebem lanches especiais, mas infelizmente, não conseguimos fazer nada”, desabafou Lima.
Em relação ao processo, France destacou que, desde que eles entregaram o projeto no dia 19 de janeiro deste ano, a equipe da Associação em parceria com secretários e vereadores, vem cobrando mês a mês a verba destinada ao projeto.
“A secretaria desde muito tempo atrás, vem nos prometendo, em curto prazo, o repasse do recurso, mas nunca ela liberado. Aí ficamos sabendo que a legislação em relação a esse tipo de projetos tinha sido mudado, mas ninguém foi capaz de falar nada”, falou o professor.
Na entrevista, o coordenador destacou também as diversas conquistas dos atletas da AVV até hoje, e ressaltou um relato de um atleta que saiu da escolinha e conheceu várias cidades por meio das viagens feitas pela Associação Vilhenense de Voleibol (Avv) nas competições.
“Nós acompanhamos o desenvolvimento de cada um aqui, temos atletas que desde os 10 ou 11 anos participam da AVV. Eu já tive um relato sincero de um atleta que disse que ‘se não fosse o voleibol, não teria conhecido seis estados do Brasil e conquistado grandes vitórias’. Eu acho que fazemos a diferença na vida desses atletas, enquanto estiverem aqui, eles estarão com a cabeça ocupada e não se envolverão com coisas erradas”, pontuou France.
Em entrevista ao Folha, Ivanilda Pinheiros, mãe de duas atletas, explicou que a situação da AVV no geral é preocupante pela falta de recursos e espera que a situação seja resolvida o mais breve possível.
“A associação faz um belíssimo trabalho de tirar essas crianças fora da rua, nessa questão de praticar um esporte, e a gente fica preocupada com essa situação, porque a associação tem um compromisso com os atletas”, concluiu.
Texto: Redação FV
Fotos: Folha de Vilhena
Fonte: Folha de Vilhena