“Estamos enterrando uma coisa que pode ser uma riqueza para nós mesmos”, afirma Jorge Rabello, Secretário do Meio Ambiente
A Secretaria do Meio Ambiente (SEMMA) está desenvolvendo há quatro meses um projeto nomeado Plano Municipal de Resíduos Sólidos de Vilhena (PLAMRESOLV) e Projeto de Logística Reversa, com o intuito de promover ações que incentivem os vilhenenses a se conscientizar sobre o descarte de óleo e lixo inadequados.
Durante dez meses a coleta seletiva foi feita com a ajuda das empresas participantes do projeto Selo Verde nos bairros União, Cidade Nova e Jardim Universitário; e em dezembro de 2017 um planejamento desenvolvido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) passou a incluir todo o município de Vilhena. No início do programa cerca de onze catadores trabalhavam com a coleta, e após a expansão da cobertura dos bairros inclusos o número de trabalhadores passou para cinquenta e cinco que atuam recebendo o lixo seco separado com a ajuda da população.
A coleta dos resíduos acontece nos bairros uma vez por semana, ficando a encargo dos moradores separar o que é reaproveitável e dispor em frente às casas para que o caminhão esteja recolhendo. De lá esse lixo é levado direto para a Cooperativa dos Recicladores do município de Vilhena (COOPREV), localizada na Avenida Sabino Bezerra, que vai distribuir esses materiais para os pontos de transformação. Os detritos que acabam indo para o aterro passam então por um processo de triagem onde os produtos reutilizados são separados e recebem o mesmo destino dado aos demais.
A cooperadora fica responsável por vender todo o material que é coletado, abrangendo um mercado que envolve cidades rondonienses, de Mato Grosso e mesmo dentro de Vilhena. Com a arrecadação feita, o dinheiro é revertido para os próprios catadores. Ao longo de três meses de coleta seletiva foram economizadas cem toneladas de lixo que iriam para o aterro, trazendo uma economia de R$ 30 mil aos cofres públicos de Vilhena.
Jorge Rabello Teixeira, Secretário Municipal do Meio Ambiente, disse: “nós nos preocupamos que uma cidade para ser bem sucedida na questão ambiental precisa ter destino para todos os resíduos, então esse sempre foi o nosso foco”, relatando que um dos materiais reutilizados é o vidro, apresentando pouco valor de comércio por ser mais pesado. Enquanto enviar esse material para São Paulo custaria uma soma maior do que o lucro obtido, a reutilização do mesmo produto aqui no Estado sai mais barato e, consequentemente rende mais. O vidro então deixa de ser um gasto e passa a ser triturado e transformado em tijolos que serão usados na construção da prefeitura, escolas e instituições.
Luiz Cláudio de Assis, Presidente da Associação de Moradores do bairro Cidade Nova, conta que a coleta seletiva está acontecendo no local há cerca de um ano, levando algum tempo para conscientizar à população a respeito da importância dessa ação. Com o caminhão passando toda segunda-feira para buscar o lixo seco, o presidente afirma que por meio de palestras realizadas para os moradores, a separação residual hoje acontece de forma apreciativa. “Para mim essa ação é ótima, pois une as pessoas para benefício do município”, ele garante.
ÓLEO DE COZINHA POR SABÃO LÍQUIDO
Além do projeto desenvolvido voltado para a coleta seletiva, a Semma está gerenciando ainda um programa que engloba o aproveitamento do óleo utilizados nas cozinhas escolares, igrejas, restaurantes, etc., e retornando para essas empresas que ajudam na boa destinação do líquido o equivalente a cinquenta litros de sabão.
O perigo para o descarte qualquer de óleo gira em torno de infectar as águas com metais pesados como alumínio, cádmio e o mercúrio, causando na população que venha a consumir esses resíduos uma grande probabilidade de desenvolver câncer. Em parceria com uma empresa terceirizada (RONDOJET) é disponibilizado para escolas, instituições, igrejas, feiras e restaurantes um recipiente com a capacidade de cinquenta litros para o armazenamento dos óleos utilizados nas cozinhas que serão trocados pela mesma quantidade de sabão com o registro da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) gratuitamente.
Além de atender às grandes cozinhas, a Semma também disponibiliza recipientes de cinquenta litros para a população em geral. O contato é feito através da secretaria que fica responsável por ir levar os galões e buscar, conduzindo-os para a empresa parceira. Essa quantidade acaba sendo obrigatória, pois a cooperativa envolvida propôs esse recipiente e o oferece para a distribuição; portanto para as famílias interessadas é importante esperar o vasilhame encher para que possa chamar a secretaria e receber sua gratificação.
COMPOSTEIRAS E OS BENEFÍCIOS
Jorge Rabello falou sobre a reciclagem do lixo orgânico, mencionando o projeto desenvolvido pelo SAAE que está sendo produzido através das entregas de composteiras escolares. Segundo ele “o lixo orgânico representa 40% do que se pesa no aterro sanitário que a prefeitura paga, e o custo de cada tonelada de lixo fica em torno de R$ 290,00 para recolher e enterrar”, afirmando que quanto mais lixo orgânico for transformado em adubo e cada vez menos esses resíduos forem destinados aos aterros, mais a gestão irá conseguir economizar e retornar para obras e benefícios da população vilhenense. O gestor comentou ainda que “de cada caminhão de lixo que contém dez toneladas de resíduos, somente duas são realmente destináveis ao aterro. As outras oitenta toneladas são reutilizáveis”.
QUEIMADA É CRIME
O secretário finalizou a entrevista pedindo a conscientização da população a respeito das queimadas afirmando que “qualquer queima de lixo libera dioxina, que é uma substancia altamente cancerígena, e com a queima ela irá ser liberada no ar contaminando as pessoas que respirarem a fumaça”.
Além de ser crime resultando em uma multa que pode chegar a R$ 2.644,00, essa prática ainda acarreta problemas graves à saúde pública, podendo ser evitada com mecanismos como a coleta seletiva e a destinação correta do lixo.
Texto: Mizellen Amaral
Fonte: FOLHA DE VILHENA