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MPF começa investigar caso de índia internada com larvas na boca, em Vilhena


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Sesai abriu sindicância para apurar falhas que aconteceram no atendimento da Casai. Segundo especialista, larvas se alastraram e ainda perfuraram o ‘céu da boca’ da garota.

Mais de 20 larvas foram retiradas da boca da menina quando ela deu entrada no Hospital Regional (Foto: Petter Vargas/Extra de Rondônia)

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para investigar a situação da índia de 12 anos que deu entrada no Hospital Regional de Vilhena (RO) com larvas na boca, na semana passada. Ela foi transferida para o Hospital Regional de Cacoal (RO) e o estado de saúde é estável, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Ainda de acordo com a Sesai, uma sindicância apura as falhas que aconteceram no atendimento, visto que a menina morava na Casa de Saúde Indígena (Casai) desde 2014, onde era cuidada por profissionais de saúde.

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O procurador Leandro Musa de Almeida explicou que o MPF instaurou um procedimento na segunda-feira (8) e enviou ofício à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Hospital Regional de Vilhena, perguntando sobre as condições da menina. A Funai e o hospital tem dois dias úteis para responder ao MPF.

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Procurador afirma que MPF está apurando o caso (Foto: Eliete Marques/G1)

“O MPF tomou conhecimento de que uma menor indígena tinha chegado em condições de saúde bastante deploráveis no Hospital Regional aqui em Vilhena. E, com base nessas informações, instauramos um procedimento para apurar o que aconteceu. E depois de a gente apurar o que aconteceu, a gente vai apurar também as responsabilidades”, enfatiza o procurador.

Sesai

“Houve uma falha no atendimento e estamos apurando, através de uma sindicância, o que aconteceu. Os culpados serão responsabilizados”, afirma o coordenador das equipes da Sesai do polo base em Vilhena, Gregório Cardoso.

O coordenador explica que a menina mora na Casai desde 2014, depois que sofreu problemas graves de saúde e ficou com sequelas.

“Ela foi abandonada pela família. Os pais são separados e não tiveram interesse em cuidar dela. Eles moram em aldeias diferentes. Agora, o pai está acompanhando ela, pois fomos buscá-lo na aldeia”, esclarece.

Cardoso ressalta que a menina recebe cuidados individualizados e é assistida por profissionais de saúde diariamente. Segundo ele, os relatórios de atendimento apontaram que as larvas se instalaram de um dia para o outro e foram observadas durante a higienização da menina.

Coordenador diz que falha está sendo apurada através de sindicância (Foto: Eliete Marques/G1)

“A eclosão de uma larva é muita rápida. De um dia para o outro notou-se a situação. Foi feito a higienização; não conseguiram tirar o quantitativo e ela foi levada para o hospital para fazer um procedimento mais invasivo, porque os nossos recursos são limitados”, salienta.

De acordo com a Sesai, além dos profissionais de saúde que a Casai dispõe, a índia também tem uma cuidadora. “Ela é muito bem cuidada. Houve uma fatalidade. Esse foi um caso isolado. A Casai fica na zona rural e atende 62 aldeias, e a gente faz o possível”, conclui.

Transferência

Na sexta-feira (5), a paciente foi levada ao centro cirúrgico para fazer um procedimento de remoção mecânica das larvas. Segundo o dentista especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial, Jean Magalhães, na preparação da paciente, o anestesista avaliou que ela poderia correr riscos de vida, em virtude da capacidade pulmonar.

“Ela estava com uma função pulmonar muito avariada já. A gente tem uma coisa chamada saturação de oxigênio, que fica entre 95 e 100%, que é o quanto as nossas células conseguem levar oxigênio; a dela estava em 80 sem aparelho e 85 com aparelho. Então, a via aérea dela estava totalmente comprometida”, explica.

Especialista em em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facia diz que até agora foram retirados entre 150 e 200 larvas da boca da menina (Foto: Eliete Marques/G1)

Por causa dos riscos que a paciente poderia correr e levando em consideração que o Hospital Regional de Vilhena não tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil, a menina foi transferida para Cacoal no mesmo dia.

Segundo Magalhães, as larvas se alastraram e ainda perfuraram o ‘céu da boca’ da garota. “A gente conseguiu tirar em torno de 20% só do palato dela. Se eu for quantificar, eu devo ter tirado mais ou menos de 150 a 200 larvas, sem contar a língua, sem contar a parte interna óssea, porque eu não pude abrir. Essa situação tem tempo; já deve ter uma evolução mínima de duas a três semanas”, esclarece.

Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde afirma que está acompanhando caso. O órgão ainda ressalta que a assistência à saúde indígena tem registrado avanços e que, no ano passado, a área recebeu investimento de mais de R$ 1,5 bilhão.

Leia a nota na íntegra:

O Ministério da Saúde informa que está acompanhando, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena, o estado de saúde da adolescente indígena a que se refere a reportagem. Uma enfermeira que faz parte da equipe da Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Vilhena permanece com a adolescente.

A assistência à saúde prestada à população indígena tem registrado importantes avanços nos últimos anos, desde a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em 2010, que passou a ser responsável pela gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS (SASISUS) e pela execução de ações de atenção básica e saneamento básico a cerca de 750 mil indígenas, pertencentes a 305 povos indígenas e que vivem em mais de cinco mil aldeias.

No ano passado, a saúde indígena recebeu o maior investimento desde que o Ministério da Saúde passou a gerenciar a área, mais de R$ 1,5 bilhão de reais.

Este recurso é utilizado para melhorias da qualidade de vida dessa população, como custear a manutenção das ações, pagar salário dos profissionais e fazer investimentos em edificações e saneamento básico, além da aquisição de insumos e equipamentos.

Texto e fotos: Eliete Marques/G1
Fonte: G1/Vilhena

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