Transtorno é crônico e necessita de tratamento constante. Pacientes com o transtorno de esquizofrenia sofrem devido ao preconceito e falta de informação.
O transtorno, de acordo com a psicóloga Nikolli Evelyn Gubert, tem progressão evolutiva, com causas multifatoriais.
Já os principais sintomas são: atitudes “esquisitas”, alheação social e familiar, isolamento, rendimento escolar e laboral prejudicado, ideias bizarras, conduta estranha e não justificada, ideia de perseguição e delírios religiosos, sendo o ápice um surto.
“É importante lembrar que, na suspeita desses casos, qualquer diagnóstico deve ser feito por um médico ou especialista”, enfatiza Nikolli.
Esses sintomas não são percebidos pelos pacientes, então cabe a família observar e orientar. A pessoa, após um surto, tende a não lembrar do ocorrido.
“É preciso que se crie um vínculo com paciente para que o mesmo consiga ter autonomia de procurar ajuda quando perceber os sintomas”, conclui.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (APA), o paciente não é necessariamente perigoso ou agressivo, desde que esteja em tratamento estabelecido pelos profissionais.
O tratamento com um psiquiatra e com a medicação adequada dá grandes chances que os pacientes com transtornos mentais apresentem uma vida normal e os surtos e recaídas, sejam exceções e não regra.
As recaídas variam entre 12 e 15%, em pacientes em tratamento. Em pacientes não-tratados ou não-diagnosticados corretamente, o risco de surtos psicóticos aumenta para 70%.
A APA diz que pacientes com o transtorno de esquizofrenia sofrem devido ao preconceito, pela falta de informação, estereótipos, ou distorções da realidade que são apresentadas na ficção.
Muitos personagens demostrados como esquizofrênicos fazem com que as pessoas tenham medo da doença e os próprios doentes não buscam tratamento por causa desse preconceito.
– Convivendo com a doença
O G1 entrevistou um estudante de 15 e a mãe dele, auxiliar de serviços gerais de 39 anos na sede do CAPS.
O rapaz foi diagnosticado há dois meses com esquizofrenia. Na ocasião, o jovem teve um surto, quebrou móveis de casa e chegou a agredir familiares, principalmente a mãe que tentava acalma-lo, sem entender a situação.
“Eu não sabia o que estava acontecendo. Agora lá em casa só está as coisas quebradas, que eu mesmo quebrei”, contou.
A reportagem perguntou ao menino o que ele mais sente falta após o surto: “Eu tenho medo de altura agora”, respondeu.
A mãe do jovem disse que ficou preocupada após saber que o filho tinha o transtorno. “É um tratamento diferenciado. Fiquei super assustada e eu não sei de onde veio essa doença, pois começou do nada… ”, narra a mãe.
Durante a entrevista, a auxiliar conta que durante esse momento complicado tem de lidar com a falta de conhecimento das demais pessoas.
“ As pessoas riem do meu filho. Às vezes ele fica muito irritado e isso me incomoda muito”, conta a mãe com o olhar marejado.
“Teve um dia que ele tentou se matar porque algumas estavam rindo dele. Essa falta de respeito pelo meu filho é muito ruim, me deixa muito triste”, finaliza.
– Tratamento
O tratamento de esquizofrenia depende muito dos subtipos.
“Dentro do transtorno há um fluxograma de tratamento. A medicação vai depender de qual subtipo que doença sem encontra. Em casos gerais, sem se aprofundar em nenhum subtipo, o tratamento é a base de antipsicóticos. Há muitas opções dentro destas medicações, o médico que acompanha o caso vai escolher o melhor”, explica o especialista em saúde mental, doutor Kleber Ribeiro.
Caso a medicação não surta o efeito desejado, é possível a adição de um potencializador e em último caso, eletroterapia, de acordo com Kleber.
“Este método é modernizado. Há um acompanhamento com uma equipe médica e o paciente é sedado. Para este procedimento há uma grande equipe que ajudará no tratamento. O paciente pode fazer até três sessões por semanas por cerca de cinco a seis meses”, explica o doutor.
Ainda de acordo com o médico, esse é o que há de mais moderno no tratamento de esquizofrenia, sendo recomendando também a pacientes com depressão muito grave, onde o paciente não responde a mais nada no tratamento.
“Por isso que eu repito: o diagnóstico deve ser feito com muita precisão, para que seja escolhido o melhor tratamento ao paciente”, finaliza.
– Onde buscar ajuda
Neste caso, um psicólogo ou um médico psiquiatra ou especialista em saúde mental ou em uma unidade do CAPS.
Texto e fotos: Christian Wentz/BBC
Fonte: G1/RO