O professor Estevão Rafael Fernandes, docente do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), publicou recentemente pela plataforma Springer o livro “Gay Indians in Brazil: Untold Stories of the Colonization of Indigenous Sexualities (Índios gays no Brasil: As histórias não contadas da colonização das sexualidades indígenas)”, escrito em coautoria com a professora Bárbara M. Arisi (UNILA). A obra está disponível na sessão de “História do Brasil”, no sítio eletrônico da Amazon, neste link.
De acordo com o autor, o livro “busca traçar uma reflexão sobre como, historicamente, as sexualidades indígenas foram moldadas ao longo da colonização do Brasil desde o século XVI, fazendo uso das teorias pós-coloniais e queer”. O livro conta ainda com o prefácio do professor Mark Rifkin, da University of North Carolina at Greensboro (UNCG).
“É, em parte, resultado de algumas pesquisas que fiz para minha tese de doutorado, defendida na UnB em 2015, acrescida de algumas reflexões que se seguiram e de algumas inquietações minhas e da Bárbara nos últimos tempos”, explicou Estevão Fernandes. O título da tese de doutorado é “Decolonizando sexualidades: enquadramentos coloniais e homossexualidade indígena no Brasil e nos Estados Unidos” e está disponível em http://repositorio.unb.br/handle/10482/19269.
O professor informou que a obra está em primeiro lugar nas pré-vendas de lançamentos da Amazon na sessão de “História do Brasil” e destaca a relevância da publicação de um livro por um pesquisador de Rondônia, “pela maior editora científica do mundo, sendo o pré-lançamento mais vendido do maior portal de venda de livros do mundo”. Ele completa dizendo que espera que “isso possa inspirar colegas, pesquisadores e alunos de nossa Universidade no sentido de buscarem expandir seus horizontes e fazerem dos nossos desafios de hoje suas conquistas. Não estamos em um canto perdido no meio da Amazônia, mas em um dos locais mais intensos e complexos cultural e socialmente do mundo!”
Conforme explicou o docente, a ideia de publicar na Springer surgiu em um curso ministrado na Biblioteca Central (BC/UNIR), no fim de 2015. Entre os desafios estaria a necessidade de traduzir o livro todo para a língua inglesa.
“Sabia que se tratava da maior editora científica do mundo, mas no curso fiquei encantado com as possibilidades oferecidas pela editora e pensei ‘por que não? Se tanta gente consegue, não custa tentar’. Resolvi arriscar e que bom que deu certo! Dessa forma conseguimos, Barbara (coautora) e eu, alcançar um público que não teria acesso ao texto, seja pelas restrições em termos de distribuição, seja pelas barreiras linguísticas”, completou o professor.
Mais informações sobre o livro podem ser obtidas em http://bit.ly/2pDIl56.
Resumo do livro – O livro apresentará e analisará um aspecto ignorado da história brasileira: como a colonização do país moldou (e ainda molda) a sexualidade de sua população nativa. Pretende ser uma ferramenta para pesquisadores interessados em entender como a colonização gradualmente impôs a centenas de povos indígenas brasileiros o modelo familiar considerado “normal” pelo governo e pelas instituições religiosas. Através da imposição de trabalho forçado, castigos, casamentos forçados com não indígenas e outros, a subordinação da homossexualidade indígena tornou-se parte inerente da colonização – processo entendido como a criação de um aparelho burocrático-administrativo, político e psicológico para normalizar a sexualidade indígena, moldando-os à ordem colonial.
Este livro será de interesse para quem quiser aprender mais sobre esses aspectos pouco conhecidos da história brasileira, contribuindo para a discussão de questões que dizem respeito à opinião pública de hoje, não só no Brasil, mas na América Latina como um todo: que papel as religiões, os governos e os movimentos sociais têm desempenhado em tais aspectos particulares da vida das pessoas, como a sua sexualidade? Para responder a essa pergunta, analisaremos os dados obtidos tanto da literatura como da pesquisa de campo desenvolvida desde 2012, utilizando diferentes marcos teóricos como Teoria Queer, Estudos Culturais e Estudos Pós-Coloniais, bem como autores indígenas.
Fonte: UNIR