Separados por mais de 10 mil quilômetros, Brasil e Romênia não têm, em princípio, muitas coisas em comum, mas uma descoberta de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pode colocar em risco o status romeno de ser a terra natal do maior vampiro da história: o conde Drácula.
O personagem mais famoso da região de Transilvânia ganhou um concorrente no nordeste do Brasil: o morcego da espécie Diphylla ecaudata, também conhecido como morcego-vampiro-de-perna-peluda.
Essa é uma das três espécies de morcego-vampiro que existem no mundo, todas elas na América (entre México, o sul do Chile e a Argentina). Até agora, só se sabia que uma delas se alimentava de sangue humano.
Pesquisadores brasileiros descobriram que o pequeno mamífero passou a se alimentar de sangue humano devido à degradação do ecossistema local provocada por nós mesmos.
O líder da equipe de especialistas, o biólogo e mestre em Ecologia Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE, disse à Agência Efe que o morcego-vampiro vive em uma caverna do Parque Nacional de Catimbau, há cerca de 300 quilômetros de Recife, capital do estado.
O parque, que tem cerca de 2 mil cavernas, protege uma das últimas áreas de caatinga do Brasil. Bernard e sua equipe vigiaram por três anos uma delas, que tinha uma colônia do morcego logo na entrada.
DNA humano
Após analisar 70 sedimentos deixados pelos morcegos, obtendo 15 mostras de DNA, a surpresa dos pesquisadores foi enorme quando eles descobriram que em três delas havia DNA humano. Para Bernard, a explicação é clara.
“O ambiente externo foi degradado, os animais que o morcego-vampiro se alimentava foram mortos. Em um cenário de pouca comida, eles passaram a se alimentar de sangue humano”, explicou.
De acordo com o líder da pesquisa, não houve em Catimbau um processo de desapropriação das pessoas quando a região foi declarada parque nacional em agosto de 2002. Por isso, ainda há presença humana no local, geralmente em imóveis precários.
Isso teria facilitado o novo hábito alimentar do morcego-vampiro. Sem a presença de grandes aves, seu “prato” habitual, os Diphylla aproveitaram a presença humana para compensar a perda.
A porção habitual de sangue que os morcegos-vampiros ingerem equivale a uma colherada, que eles obtêm em voos noturnos.
Do sangue das presas, os Dyphilla ecaudata processam o principal ingrediente de suas dietas: a gordura. Nos mamíferos como homem, porém, o sangue é mais espesso e costuma ter alto conteúdo de proteína.
Bernard disse à Efe que a mudança do hábito alimentar dos morcegos não deve “gerar pânico”, mas o pesquisador admite que pode haver consequências para saúde pública pelas possíveis doenças transmitidas pelo animal, principalmente a raiva.
“Os morcegos transmitem uma série de doenças. Se essa espécie está se alimentando de sangue humano, enfrentamos um problema de saúde pública potencial”, ressaltou Bernard.
O maior surto de raiva transmitido por morcegos da história do Brasil foi registrado em 2005, no Maranhão, quando 20 pessoas morreram da doença.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros foi divulgada em dezembro na revista “Acta Chiropterologica”, a mais importante do mundo sobre morcegos.
Diphylla ecaudata também é conhecido como morcego-vampiro-de-perna-peluda
Separados por mais de 10 mil quilômetros, Brasil e Romênia não têm, em princípio, muitas coisas em comum, mas uma descoberta de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco(UFPE) pode colocar em risco o status romeno de ser a terra natal do maior vampiro da história: o conde Drácula.
O personagem mais famoso da região de Transilvânia ganhou um concorrente no nordeste do Brasil: o morcego da espécie Diphylla ecaudata, também conhecido como morcego-vampiro-de-perna-peluda.
Essa é uma das três espécies de morcego-vampiro que existem no mundo, todas elas na América (entre México, o sul do Chile e a Argentina). Até agora, só se sabia que uma delas se alimentava de sangue humano.
Pesquisadores brasileiros descobriram que o pequeno mamífero passou a se alimentar de sangue humano devido à degradação do ecossistema local provocada por nós mesmos.
O líder da equipe de especialistas, o biólogo e mestre em Ecologia Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE, disse à Agência Efe que o morcego-vampiro vive em uma caverna do Parque Nacional de Catimbau, há cerca de 300 quilômetros de Recife, capital do estado.
O parque, que tem cerca de 2 mil cavernas, protege uma das últimas áreas de caatinga do Brasil. Bernard e sua equipe vigiaram por três anos uma delas, que tinha uma colônia do morcego logo na entrada.
DNA humano
Após analisar 70 sedimentos deixados pelos morcegos, obtendo 15 mostras de DNA, a surpresa dos pesquisadores foi enorme quando eles descobriram que em três delas havia DNA humano. Para Bernard, a explicação é clara.
“O ambiente externo foi degradado, os animais que o morcego-vampiro se alimentava foram mortos. Em um cenário de pouca comida, eles passaram a se alimentar de sangue humano”, explicou.
De acordo com o líder da pesquisa, não houve em Catimbau um processo de desapropriação das pessoas quando a região foi declarada parque nacional em agosto de 2002. Por isso, ainda há presença humana no local, geralmente em imóveis precários.
Isso teria facilitado o novo hábito alimentar do morcego-vampiro. Sem a presença de grandes aves, seu “prato” habitual, os Diphylla aproveitaram a presença humana para compensar a perda.
A porção habitual de sangue que os morcegos-vampiros ingerem equivale a uma colherada, que eles obtêm em voos noturnos.
Do sangue das presas, os Dyphilla ecaudata processam o principal ingrediente de suas dietas: a gordura. Nos mamíferos como homem, porém, o sangue é mais espesso e costuma ter alto conteúdo de proteína.
Bernard disse à Efe que a mudança do hábito alimentar dos morcegos não deve “gerar pânico”, mas o pesquisador admite que pode haver consequências para saúde pública pelas possíveis doenças transmitidas pelo animal, principalmente a raiva.
“Os morcegos transmitem uma série de doenças. Se essa espécie está se alimentando de sangue humano, enfrentamos um problema de saúde pública potencial”, ressaltou Bernard.
O maior surto de raiva transmitido por morcegos da história do Brasil foi registrado em 2005, no Maranhão, quando 20 pessoas morreram da doença.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros foi divulgada em dezembro na revista “Acta Chiropterologica”, a mais importante do mundo sobre morcegos.
Fonte: Bem Estar G1