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Demanda do mercado potencializa cultivo de urucum em Rondônia


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Na região Sul de Rondônia, a família de Olívio Menegari colhe os frutos dos anos de suor e trabalho em sua propriedade rural. Depois de idas e vindas, e vencidas as dificuldades com orientação de extensionistas da Empresa Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), sua produção de 1.400 quilos de urucum por hectare é referência na região. Hoje, junto com o filho Jardelly, sonha alto e já trabalha para aumentar a sua produção visando abastecer as indústrias, cuja demanda está em torno de 35 mil toneladas por ano.

Em outra localidade, mais para a região Centro-Oeste do estado, no Vale do Guaporé, a chácara Brunaldi apresenta números semelhantes aos da família Menegari. A sua área plantada de mais de 250 hectares e uma produtividade média de 1.200 quilos/hectares contribuem para o distrito de São Domingos do Guaporé ocupar a segunda posição como o maior produtor de urucum de Rondônia.

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A propriedade de Gilmar Brunaldi possui uma área total de 9,6 hectares, dos quais seis hectares são ocupados com o plantio de urucum e a produção de 7.200 quilos lhe proporcionou uma receita bruta de R$ 32.400, na última safra. No distrito foram colhidas 210 toneladas de sementes de urucum, gerando uma renda R$ 950 mil para São Domingos do Guaporé, levando-o ao primeiro lugar no ranking estadual de urucum.

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Esses são apenas dois dos exemplos que vêm fazendo do urucum uma das maiores potencialidades para alternativa de renda e geração de emprego na agricultura familiar. Além das boas perspectivas que seu cultivo traz para o aquecimento da economia local, impulsionado pela demanda do mercado e a crescente introdução de novos produtos nas indústrias, serve de excelente insumo para a recomposição da reserva legal.

INDÚSTRIAS 

A necessidade de se produzir urucum vem ganhando destaque não só no Brasil, mas no mundo. Orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) têm limitado o uso dos corantes sintéticos, principalmente nos alimentos, devido à ação cancerígena dos mesmos. Com isso, a demanda de produtos no mercado também cresce e os produtores de Rondônia, com vistas a esse segmento, têm buscado na cultura a alternativa para seu crescimento econômico.

Na última safra, os cinco municípios rondonienses maiores produtores de urucum colheram cerca de 1.500 toneladas. Na primeira posição está Cabixi, com 713 toneladas produzidas em 2015, seguido de Costa Marques (280 ton.), Rio Crespo (220 ton.), Corumbiara (200 ton.) e Cerejeiras (150 ton.), dados esses fornecidos pela Gerência de Planejamento da Emater-RO.

Com essa expectativa de crescimento do urucum no estado, a Emater-RO em parceria com a empresa Verto criou o “Projeto Urucum”. O objetivo foi potencializar a cultura na região do Território do Vale do Guaporé. Com o apoio da família Brunaldi, que abriu as portas de sua chácara para mostrar a viabilidade do cultivo de urucum na região, foi realizado um Dia de Campo com a participação de mais de 300 pessoas interessadas na atividade.

Para expandir a ação e incentivar outros produtores na produção da cultura, a parceria entre a Verto e a Emater-RO foi fortalecida com políticas públicas dos municípios e apoio das secretarias municipais de agricultura da região. Isso permitiu que a cultura integrasse as potencialidades levantadas no Plano Anual de Trabalho (PAT) e no Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) locais.

A Verto também disponibilizou para o território do Vale do Guaporé, 120 quilos de sementes selecionadas que foram doadas para os produtores da região, viabilizando assim, o aumento da produção local. Hoje, a região já conta com cerca 700 hectares plantados.

A empresa ainda foi a responsável pela instalação de uma indústria de processamento de urucum no cone sul de Rondônia. Instalada no município de Cabixi, a agroindústria tem tudo para ser um dos canais de fomento para os produtores de urucum no estado.

A agroindústria tem capacidade para processar 3.500 toneladas de urucum por ano, mas em 2015 processou somente 1.300 toneladas, bem abaixo da capacidade instalada. Com o crescente investimento na cultura e uma grande demanda existente a perspectiva é que nos próximos anos a produção aumente e a agroindústria local absorva grande parte da produção.

PERSPECTIVA 

Tanto os Brunaldi quanto os Menegari estão otimistas quanto ao futuro da cadeia produtiva de urucum. Fruto nativo da região tropical, o urucum é muito utilizado na produção de coloríficos e de corantes nas indústrias alimentícias (doces, sorvetes, laticínios, massas, pães, bebidas, embutidos, óleos e gorduras) e nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de cosméticos, de perfumarias e de tintas, além da extração de lipídeos, geranilgeraniol e tocotrienol para fins farmacêuticos e medicinais. Com as indústrias investindo cada vez mais em novos produtos, a demanda é crescente e o mercado está aberto.

Jardelly Menegari, de Vilhena, que participou recentemente da 3ª Reunião Nacional da Cadeia Produtiva do Urucum, em Campinas (SP), disse que hoje as indústrias demandam de 35 mil toneladas/ano do produto e o pico da produção nacional deste ano foi de apenas 15 mil toneladas/ano.

Com isso, Jardelly e seu pai já pensam em transformar seus nove hectares em 25 hectares de área plantada. “Tem muita procura e pouca oferta e a tendência é de preço bom nos próximos anos”, relatou, alertando que “quem pretende expandir sua área ou mesmo implantar uma nova área deve trabalhar com as técnicas corretas para iniciar sem erros e trabalhar sempre por amor e não somente por dinheiro”.


Texto: Wania Ressutti
Fotos: Emater-RO

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