A maior revolta entre os alunos é de que na manhã desta sexta-feira, os estudantes a favor da ocupação estiveram “barrando” a chegada dos mesmos e revistando as bolsas de cada estudante, “não somos bandidos”. PRF teve que comparecer ao local
Nossa reportagem esteve acompanhando na manhã desta sexta-feira, 21 de outubro, no Instituto Federal de Rondônia – IFRO/ Campus Vilhena, o “clima” tenso que se encontra no local devido aos grandes desacordos que estão enfrentando os estudantes.
A “ocupação” é uma forma de protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos, o qual foi aprovado em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados
Nesse clima há dois lados, um a favor da ocupação e outro contra. Nossa reportagem esteve conversando com ambos os lados, em um deles, o aluno Thiago José de 16 anos que está a favor da ocupação, explicou que na quinta-feira, 20, os estudantes tomaram o instituto e que 80% do alunado está a favor do movimento contra a aprovação do PEC 241.
Thiago José também explicou que não há nenhuma ajuda ou orientação externa conforme boatos, sendo um movimento totalmente estudantil. “Há dias estamos fazendo manifestações contra PEC 241, e queríamos sair dos movimentos de ruas, assim pensamos em fazer algo diferente “, disse Thiago.
Mas, nem tudo é um “mar de rosas”, muitos estudantes que são contra a ocupação, disseram que passaram por algumas situações chatas e constrangedoras, até mesmo afirmando que não puderam dar opiniões sobre o que está acontecendo.
O estudante Thiago informou que tudo não passaria de boatos, e de que deixaram a palavra em aberto para os alunos que fazem o movimento contra, finalizando que a maior parte dos servidores também estão a favor do movimento.
Foram cerca de 20 alunos que tomaram à frente da ocupação, tendo início com reuniões, onde segundo eles, viram que havia necessidade de fazer uma mobilização no Campus.
“Sou contra a ocupação, a maioria dos alunos não foram consultados e a maioria é contra, todos nós queremos fazer faculdade, ou seja, ter uma graduação e terminar o mais rápido possível o ensino médio, já houve paralisações e isso tumultuou o ano demais, a ocupação atrapalha os nossos estudos. Em momento algum consultaram a gente de uma forma democrática, não perguntaram se a gente queria ou não a ocupação”, comentou o estudante Gabriel Matheus, 18 anos.
O aluno Matheus Illgner Bieseke também deu sua versão, dizendo que há outras formas de se manifestar, não impedindo os mesmos de estudar, “você luta pela educação não estudando?”, questionou.
Os professores Junior e Ariane da área Técnica do curso de Edificações, explicaram que de em certa parte estão felizes por estar vendo os alunos debatendo e criticando, mas que não acham “nobre” a briga entre os mesmos, “traz mais malefícios do que benefícios”, disse o professor Junior.
Os alunos também estiveram tomando medidas para que isso não se prolongue, na manhã desta última quinta-feira, os mesmos estiveram no Ministério Público Federal, registrando a reintegração de posse da escola, para que tudo volte ao normal.
“O que mais nos revoltou foi o que aconteceu hoje pela manhã, nos barraram na entrada, queriam nossas documentações, revistaram nossas bolsas e ainda foi cancelado o ônibus escolar. Muitos dos nossos colegas ficaram embaixo de chuva esperando o ônibus passar, mas não passou. Colocar cavaletes impedindo de que a gente suba até as salas de aulas é um absurdo já que a instituição é um ambiente público. Revistar nossas bolsas? É ilegal, só pudemos entrar na escola porque a PRF compareceu e explicaram que estavam errados”, disse os estudantes.
Os alunos só pedem um pouco mais de compreensão e que uma nova votação seja feita em sigilo, para que assim vejam quantos a favor ou contra existem, acabando assim com as discussões. A ocupação continuará em tempo indeterminado, tudo dependerá do retorno dos alunos e se as reivindicações serão atendidas.
Texto e fotos: Nataly Labajos