O delegado Eduardo Botelho, da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), afirmou nesta quinta-feira (1º) que a morte de um menino de dois anos, após beber um achocolato na semana passada, foi provocada por um veneno conhecido como carbofurano, que é utilizado para matar ratos.
Segundo o delegado, o veneno foi colocado no produto por Adonis José Negri, de 61 anos, para se vingar de um assaltante que estava furtando sua casa e comendo alimentos de sua geladeira.
O assaltante, Deuel de Resende Soares, de 27 anos, caiu na armadilha, furtou o produto, mas o vendeu para o pai da criança, que acabou consumindo a bebida envenenada.
Os Adonis e Deuel foram presos na manhã desta quinta-feira pela Polícia Civil.
“O que ocorreu na prática foi que uma pessoa praticou um furto na casa de um idoso várias vezes. E esse idoso, como forma de se vingar por esses furtos que ocorreram na sua residência, decidiu envenenar o achocolatado”, disse o delegado.
“Mas ele [idoso] contava que o próprio autor do furto seria o responsável pelo consumo. Porém, o autor vendeu o produto para uma família e a mãe da criança repassou o alimento para o seu filho de dois anos”, complementou Botelho.
Conforme o delegado, a causa da morte foi confirmada pela Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec).
O perito Diego Viana afirmou que o idoso colocou o veneno dentro do achocolatado usando uma seringa.“Encontramos o furo na dobra do produto, na parte de baixo. Ficou evidente que não se tratava de um vício de fabricação”, afirmou.
De acordo com o delegado Eduardo Botelho, Adonis irá responder por homicídio qualificado com emprego de veneno. Ele também foi autuado por homicídio tentando, já que um amigo da família da criança, de 31 anos, também consumiu o produto. O homem recebeu alta na quarta-feira (31). Já Deuel de Resende foi autuado por furto qualificado.
Durante depoimento, o idoso confirmou que colocou veneno no achocolatado, porém, negou que era para se vingar do assaltante e sim para matar ratos.
Os dois foram encaminhados para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC).
O caso
A criança de dois anos deu entrada na Policlínica do Coxipó na tarde de quinta-feira (25).
A mãe informou que estava em casa com o filho, no Bairro Parque Cuiabá, quando a criança teria dito que estava com fome. Ela, então, deu-lhe uma caixinha de achocolatado.
Ela disse que a reação foi imediata e o menino passou mal, desmaiando em seguida.
O menino chegou a ser reanimado pelos médicos, mas morreu cerca de uma hora depois de ter dado entrada na unidade hospitalar.
Um inquérito civil foi instaurado pela Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica) para apurar as causas da morte.
Após a repercussão do acaso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recohimento de um lote do achocolatado em todo território nacional.
Em nota, a empresa Itambé lamentou o ocorrido. Leia a nota na íntegra:
“Nesta quinta-feira (1/9), a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cuiabá efetuou a prisão de duas pessoas acusadas de envenenar uma criança em Cuiabá. Desta forma, a polícia esclarece o episódio e descarta qualquer problema de contaminação do produto Itambezinho.
A Itambé reforça que desde o dia 25/05, data de fabricação do lote em questão, já foram comercializadas mais de 5 milhões de unidades e não foram registradas reclamações de nenhuma natureza.
A empresa lamenta o ocorrido, se solidariza com a dor da família e reforça seu compromisso com os consumidores brasileiros ao entregar produtos da mais alta qualidade.”
Fonte: Midia News/Cuiaba