Possível santuário foi descoberto em sítio de Rolim de Moura (RO).
No local foi achado pedra com 29 ‘bacias’, que corresponde a dias lunares
Um pesquisador autônomo de Rondônia pode ter descoberto o primeiro altar da civilização Inca no Brasil. De acordo com o especialista em georreferenciamento Joaquim Cunha da Silva, o santuário foi localizado em um sítio de Alta Floresta do Oeste (RO) e está sendo estudado desde 2009. Ao G1, o pesquisador diz que no local existem pedras com “bacias” que correspondem aos dias lunares e também em formato de pirâmide, com desenho de animais e pessoas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) investiga a descoberta.
O pesquisador Joaquim Cunha da Silva, de 59 anos, é o responsável pela descoberta. Conforme o profissional em georreferenciamento, o altar fica dentro de uma propriedade rural e trata-se de uma pedra onde existem 29 “bacias” escavadas no topo da rocha. Ao lado, em uma pedra menor, foram localizados mais sete buracos do mesmo formato.
“Acredito que essas 29 bacias correspondem aos dias lunares e eram preenchidos com água para servir de espelho, onde se via no reflexo as constelações e os planetas. Já os sete buracos representavam os dias das semanas”, diz.
O local, segundo o pesquisador, era provavelmente usado para rituais religiosos dos Incas, realizados sob o efeito de plantas alucinógenas. “Próximo do sítio foram encontrados pés da chacrona e do cipó mariri, que são plantas utilizadas em alguns rituais. Isto reforça a ideia que eles usavam o reflexo da lua nas bacias para planejar o futuro, fazer previsão sobre o efeito das ervas, de plantações e colheitas”, aponta.
Joaquim revela que trabalha com pesquisas de sítios arqueológicos há mais de 30 anos e diz que as constelações e geoglifos [desenhos] encontrados em Rondônia são semelhantes aos que existem em Cusco, no Peru.
Ele afirma também que esse é o primeiro altar do tipo localizado no Brasil. “Já foram descobertos altares similares a esse, que pertencente à cultura pré-inca, inca e aruaque na Argentina, Peru e Colômbia, mas no Brasil é primeiro que se tem notícia”, aponta.
De acordo com o pesquisador, próximo do altar foi localizado uma construção de pedra e terra, no formato de uma pirâmide, sendo que no topo da edificação existem desenhos de animais e pessoas. Ainda foram vistos no local resto de cerâmica e peças como machadinhas e facas de pedra. O espaço é ocupado também por um muro ou terraço, que segundo Joaquim, pode ter sido utilizado na agricultura.
Estudos
Joaquim Cunha explica que descobriu o suposto sítio arqueológico em 2009, por meio de imagens de satélite. Depois ele se juntou a outros pesquisadores e geólogos e realizou uma expedição até o local, onde foram confirmadas as evidências.
“Como não sou arqueólogo, não posso fazer escavação no local, então registramos tudo e comunicamos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que no começo não deu muita atenção para a descoberta, mas depois pediu informações ao Ministério Público Federal (MPF)”, expõe.
Ao G1, o Iphan informou que um arqueólogo foi enviado de Brasília até o sítio para analisar a descoberta. Segundo o órgão, o material coletado está sendo analisado e o resultado dos estudos será divulgado em um relatório, que ainda não tem data para ser publicado.
Fonte: G1/RO