Segundo José Dorival do Nascimento, representante do SINSEPOL, a partir de agora os policiais irão apenas cumprir a Lei, e literalmente deixar de trabalhar de graça para o Governo do Estado, já que o efetivo atual é de cerca de 30 a 35% do ideal e o efetivo estaria sendo “maquiado” para atender a demanda da cidade
Na manhã desta terça-feira, 21, foi realizada uma coletiva de imprensa nas dependências da Delegacia de Polícia Civil de Vilhena, onde o representante do Cone Sul do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Rondônia – SINSEPOL, José Dorival do Nascimento Santos, esteve explanando a atual situação dos servidores.
Segundo José, a partir de agora os policiais irão apenas cumprir a Lei, e literalmente deixar de trabalhar de graça para o Governo do Estado, já que o efetivo atual é de cerca de 30 a 35% do ideal e o efetivo estaria sendo “maquiado” para atender a demanda da cidade.
Sobre estar “encobrindo” o efetivo José explicou que, mesmo não sendo regulamentado, os profissionais ficam sobre aviso, onde após trabalhar no expediente normal das 7h30 às 13h30 vão para casa e ficam a disposição de um chamado de emergência e caso precisem trabalhar por horas extras, não receberam por elas. “Nós ficamos em casa sem poder sair, sem ter um momento de lazer ou desligar o celular e se somos chamados ao trabalho não recebemos nada por isso”, desabada.
Os policiais chegaram a essa decisão após a crítica situação se arrastar por muitos anos e nada ser resolvido. Quando o governado Confúcio Moura assumiu, prometeu fazer plano de cargo pra todas as categorias, alguma carreiras conseguiram, porém a Polícia Civil não foi beneficiada.
De acordo com Dorival, no ano de 2015, o SINSEPOL formulou e apresentou um plano com as reivindicações para negociar com o governo, obtiveram algumas respostas no começo, porém, há cerca de 3 meses cessaram as negociações e raramente respondem ao sindicato. “Nós estamos dispostos a negociar, desde que nos apresentem números”, afirma.
Há três fatores que afetam as condições de trabalho do civil, a primeira é o número de policiais, já que cada funcionário faz o serviço de 3. A Segunda é a estrutura física da delegacia que está precária, o prédio da UNISP de Vilhena (Unidade Integrada de Segurança Pública) está pronto desde o ano passado, mas ainda não há previsão de inauguração. A terceira é a questão salarial, “muitos profissionais tem desistido da carreira por essas questões, a Polícia Civil é uma carreira que não tem motivações pro pessoal ficar”, declara.
Um exemplo disso é o último concurso realizado, poucas vagas foram disponibilizadas e dos que passaram, ainda na academia 11 desistiram. Além disso, José conta que os concursos não estão sendo na quantidade certa, muitos querendo se aposentar, mas não podem. “A situação se repete em todo Estado”, conta.
“Nas cidades pequenas há policiais que trabalham sozinhos, o que é impensável em qualquer região que seja”, afirma. José diz ainda que serão menos policiais na rua e o serviço da polícia civil irá ficar quase parado, não sendo possível realizar mais que os flagrantes devido ao baixo número de profissionais.
Os profissionais passaram a trabalhar conforme a Lei a partir dessa terça-feira, 21, não haverá mais expediente, apenas plantão. “Vai ser pior que greve, pois na greve 30% do efetivo permanece trabalhando, e esse é o atual efetivo da Polícia Civil”, finaliza.
Texto e foto: Sabrina Mathias