A visita possibilitou a 37 estudantes conhecerem o Forte Príncipe da Beira e diversas manifestações culturais do Vale do Guaporé, como a Festa do Divino Espírito Santo
Nos dias 06, 07 e 08 de maio último estudantes do Curso Técnico Integrado em Edificações, do IFRO/Campus Vilhena deslocaram-se à Costa Marques para conhecer de perto aquilo que se estuda apenas em livros de história: O Forte Príncipe da Beira. A fortaleza, construída no final do Século XVIII foi parte de um processo de consolidação da ocupação lusitana na Amazônia que remonta o ciclo da mineração iniciada em Cuiabá e estendida até o Vale do Guaporé.
A visita foi coordenada pelo professor de História do IFRO, Prof. Márcio M. Martins e contou com a participação do chefe do Departamento de Extensão, o também historiador, Prof. Eder Carlos Cardoso Diniz; da professora de Espanhol Vanusa de Paula Siqueira e da Assistente de Alunos Anelize Irene Appelt.
Os objetivos da visita, alcançados com êxito, foram: conhecer e visitar o Forte Príncipe da Beira, seu projeto arquitetônico, funcionalidade e grau de conservação; Identificar as manifestações culturais coloniais ainda presentes no cotidiano daquela população, como a Festa do Divino Espírito Santo e; observar os elementos multiculturais que compõem a população de Costa Marques (populações quilombolas, indígenas, ribeirinhos e bolivianos).
Para o professor Márcio M. Martins, “as visitas técnicas complementam o processo de ensino e aprendizagem da sala de aula e possibilitam ao conjunto dos estudantes uma melhor compreensão e aprofundamento dos conteúdos. Desta forma, é de fundamental importância que as diversas disciplinas do Núcleo Comum e das disciplinas técnicas, sempre que possível, tenham a garantia institucional para realizar estas atividades”, conclui.
Na localidade do Forte, a população quilombola local é a responsável por acompanhar os visitantes. A visita ao Forte foi acompanhada pelo presidente da Associação, do Historiador de Costa Marques Valdeci Castro Rodrigues e de mais duas guias da comunidade. A visita também foi estendida a um conjunto de construções nas proximidades, denominada pela população de “labirinto”. Chamou a atenção dos professores e estudantes as precárias condições de conservação do Forte, mesmo sendo este tombado como patrimônio histórico e ser a principal construção portuguesa em solo rondoniense.
Na visita, foi possível observar os preparativos das inúmeras famílias que recebem a visita da Coroa do Divino em suas casas. As famílias, segundo a tradição local, retribuem as graças alcançadas por promessas feitas ao Divino Espírito Santo. A festa do divino tem origens em Portugal, foi introduzida no Guaporé por volta de 1894 por Manoel Fernandes Coelho, que morava em Vila Bela, tendo se mudado mais tarde para Ilha das Flores no mesmo ano. Atualmente a peregrinação da Coroa do Divino, percorre mais de 40 localidades ribeirinhas ao longo do rio Guaporé: uma Romaria fluvial que reúne características próprias de cantos, devoção e elementos de uma religiosidade popular com mais de um século de vida, onde os participantes puderem vivenciar nas peregrinações em residências locais.
Os participantes da visita interagiram com a diversidade cultural local e com a prática da conservação ambiental, através de visita ao parque ecológico lagoa azul onde puderam ter acesso e conhecimento a espécies nativas da nossa flora, plantas ornamentais e frutíferas; reciclagem de lixo e produção de artesanato. Os alunos receberam mudas de espécies nativas para plantio em Vilhena, enquanto um compromisso de proteção ao meio ambiente. Também foi possível observar a influencia da língua espanhola em virtude da grande presença de bolivianos que residem em Costa Marques.
Orientados previamente para a visita técnica, os estudantes realizaram todo o trabalho de registro fotográfico, filmagem e anotações para a produção de exposição fotográfica e audiovisual a ser apresentada em eventos de extensão. “Lançamos o desafio aos estudantes e os apoiaremos na divulgação da produção realizada por eles”, garantiu o chefe do DEPEX do IFRO/VILHENA, prof. Eder Carlos Cardoso Diniz.
O estudante Christian Ferreira Lopes, do 4º Ano do curso Técnico de Edificações é um dos responsáveis pela seleção e produção de materiais. Segundo Christian “o registro, a produção e a divulgação de materiais audiovisuais e fotográficos estimulam a iniciativa e o protagonismo dos estudantes”.
“LABIRINTO” PODE SER CONSTRUÇÃO INDÍGENA
Elvis Pessoa, presidente da associação Quilombola do forte, guiou os visitantes até o “labirinto”, um conjunto de construções distante 04 quilômetros do Forte e que causa curiosidade e especulações da comunidade local e dos visitantes, pela disposição de pedras e portais que se assemelham a construções andinas: “Podemos estar diante de uma construção muito antiga, que ainda não recebeu a devida atenção por parte de pesquisadores e órgãos governamentais, para sabermos de fato sua origem”, conclui.
O professor Márcio M. Martins, comparou registros fotográficos andinos com as construções encontradas em Costa Marques e observou a necessidade de que o IPHAN e arqueólogos analisem as evidências encontradas para que se garanta a preservação deste sítio arqueológico.
Assessoria