Na última sexta-feira, a deputada Glaucione reuniu-se com servidores da Polícia Civil, em Cacoal, e ouviu deles quais seriam suas principais reivindicações e o que poderia ser feito para ajudá-los nessa negociação com o Governo do Estado. Os policiais que participaram da reunião informaram que na quarta-feira, dia 06, haverá uma reunião na Segep com a Menp (Mesa de Negociações Permanente do Governo do Estado de Rondônia) para negociação da tabela salarial do Plano de Cargo, Carreira e Subsídios. “Ouvimos informações de que a nossa tabela, enviada ao governo, poderá não ser acolhida em sua integridade e não podemos aceitar uma contra-proposta que seja indigna. Há quase uma década essa tabela está sendo negociada e não se chega a um acordo, pois é sempre alegado pela mesa que gera impacto. Nós sabemos disso, como sabemos que há várias formas do Governo resolver essa situação de uma vez por todas e fazer justiça com a categoria”, afirmou Efrain Velten.
O problema hoje, segundo Velten, não se limita a salários, mas a condições dignas de trabalho e garantias de um ambiente minimamente saudável. “Hoje os servidores trabalham o tempo todo sob pressão, já que temos um efetivo bem reduzido, e a instituição estabeleceu uma política de sobreaviso, que, na prática, acaba estendendo a nossa carga horária, indevidamente, já que, mesmo durante as folgas, o servidor está o tempo todo ligado, sabendo que pode ser convocado a qualquer instante”, disse.
O sobreaviso, da forma como está hoje, sem uma regulamentação, torna a escala desumana. “Quando se está de sobreaviso, o policial não tem paz de espírito, pois não pode ficar fora de área. Queremos uma regulamentação, como temos na Capital, onde os policiais tem uma escala de plantão, afirmou a servidora Rosa Monteiro.
A síntese do projeto a que os policiais querem vê-lo aprovado irá disciplinar toda a carreira do policial, resolvendo problemas como as faltas de vagas para subir de classe, como é o caso de policiais que foram prejudicados tendo que esperar 17 anos ao invés de 4 anos para subir de classe. Além disso irá disciplinar as horas em sobreaviso, instituindo um banco de horas compensando tempo em sobreaviso, e remuneração por horas extras e adicional noturno quando incidir, bem como irá se aposentar com direito a integralidade e paridade.
Vários servidores, que compareceram à reunião com a deputada, deram ênfase sobretudo às precárias condições de trabalho. “Muitos estão doentes e já houve até caso de tentativa de suicídio, pois o servidor posa de herói para a população, mas ninguém sabe o que se passa em seu íntimo, com suas angústias”, afirmou uma das policiais.
O maior problema, segundo eles, é que temos uma lei que foi criada quando a população de Rondônia era de aproximadamente 2/3 da atual população e essa lei limitou apenas à reposição de policiais, em caso de morte ou demissões. “Hoje temos em torno de 22 mil inquéritos (praticamente o dobro do que tínhamos em 2010) e apenas 1.800 policiais no Estado. Nesse tempo, dobrou-se o efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, mas a Polícia Civil está sem efetivo e ainda querem aumentar nossa carga horária de trabalho. Temos policiais que estão de licença, os que pediram afastamento, o policial que está doente, o que está cedido, etc. Se não formos atendidos, vamos ter de ir às ruas, nos reunirmos com a população e dizer a real situação e os problemas que enfrentamos. A verdade é que não temos recomposição por perdas salariais, nem sequer realinhamentos há vários anos”, afirmou o servidor Elienay Velten.
Apesar do descontentamento com a falta de uma melhor valorização e condições de trabalho, os policiais disseram que seu objetivo não é fazer qualquer movimento paredista, mas para isso precisam do apoio e respaldo da Assembleia Legislativa do Estado para que seja consolidado um Plano de Carreira decente e com salários que lhes permita uma vida digna.
Apoio da deputada
A deputada Glaucione disse que ficou honrada pelo fato dos servidores a procurarem, e garantiu que vai dar todo o apoio necessário nessas negociações. Sobre os servidores da área de segurança, a deputada enalteceu o trabalho brilhante da Polícia Civil, bem como da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, instituições, que segundo ela, enche-nos de orgulho pela dedicação em defesa dos cidadãos.
“O fato de vocês me procurarem, expondo suas necessidades, facilita para que tenhamos um posicionamento a respeito do tema. Eu respeito e valorizo a categoria. Hoje estou exercendo um mandato de deputada, mas também sou servidora e tenho apoiado todo e qualquer projeto cujo objetivo seja o de garantir melhores condições de vida e de trabalho aos nossos servidores. “O objetivo de todo bom policial, independente da função que desempenhe, é atender bem à população, mas é dever dos governantes zelarem para que ele tenha direito a uma justa progressão salarial e valorização pelos seus esforços nessa árdua tarefa de promover a paz social e a segurança pública”, afirmou a parlamentar.
