A jovem Naiara Karine, que morreu aos 18 anos após ser estrupada e esfaqueada em janeiro de 2013, foi homenageada por colegas e amigos durante a colação de grau da turma de jornalismo, em Porto Velho. Segundo os formandos, Naiara era estudante da turma que se formou na noite de quarta-feira (3) e sempre sonhou em ser jornalista.
O nome da jovem foi escolhido para representar a turma. De acordo com Halex Frederic, amigo de Naiara, a turma escolheu homenagear a ex-aluna em diversos momentos. “Estávamos pensando em um slogan e não sabíamos direito qual seria, então o colega Luis Marcos deu a ideia de pormos o nome dela. Todos gostamos e aprovamos. Ela também foi homenageada no discurso da oradora. Ela tinha tudo para estar conosco naquela hora e não podíamos deixar de lembrar dela”, conta.
O jornalista disse ainda que, pela internet, a mãe de Naiara compartilhou sua dor. “Postei uma foto e a mãe ela disse estar feliz por me ver formando, mas triste por este ser o sonho da Karina. Impossível não lembrar dos nossos momentos na faculdade e em outros locais. Ela não merecia esse fim e isso dá uma angústia muito grande. Somos acostumados a nos despedir das pessoas sabendo que vamos reencontrá-las tempos depois. Mas com ela é diferente. Ela não voltará”, lamenta.
Durante o discurso da oradora da turma, Emanuele Pontes, Naiara é citada como uma menina inspiradora. “Dedicamos a nossa vitória a Naiara Karine, uma estrela que mora no céu. Mas que tivemos a honra de conhecê-la e que nos trouxe uma lição: a de aproveitar a vida a cada instante porque talvez o amanhã seja tarde demais. Portanto, a vitória é nossa Naiara! Queríamos muito que estivesse aqui conosco”, discursou sobre a ex-aluna.
O patrono da turma, Vinicius Teixeira, parabenizou a ação da turma, que, como novos jornalistas, buscaram relembrar o caso. “O jornalista tem como uma das suas funções, buscar a verdade e contar para a sociedade os detalhes dos fatos. Nesta formatura, eles agiram não só como amigos, mas também como profissionais, utilizando o que chamamos de memória jornalística. Foi muito emocionante ver e saber o quanto eles queriam que a Naiara estivesse lá”, enfatizou.
O crime
Naiara Karine morreu em 24 de janeiro de 2013, após ser estuprada e receber vários golpes de faca na estrada conhecida como Linha 15 de Novembro, zona rural da capital. O localizador do celular de Naiara ajudou a polícia a chegar ao local do crime horas depois da jovem ter sido dada como desaparecida.Após um mês de investigações, a Polícia Civil caracterizou o crime como sequestro, estupro e homicídio.
Sete meses depois do assassinato, a família da vítima decide-se mudar de Porto Velho em virtude de ameaças sofridas. Na época, o pai de Naiara, Paulo Freitas, afirmou que era perigoso permanecer no estado. “É muito agoniante e muito perigoso para ficarmos aqui [Rondônia]. Então, a gente vai se retirar do estado. Vamos embora para começa uma vida nova. Cheguei com ela [Naiara Karine] e estou indo sem ela”, falou.
Um ano após o crime, o motivo do crime ainda não tinha sido desvendado. Até 2014, três suspeitos foram presos e um estava foragido. Dois inquéritos foram finalizados, e um terceiro foi aberto para investigar o envolvimento de uma quinta pessoa ainda não identificada.
Em 2015, os acusados Richardison Bruno Mamede das Chagas, Francisco da Silva Plácido e Wagner Strogulski de Souza, tiveram recurso negado pela 2ª Câmara do Tribunal de Justiça (TJ-RO) e seriam submetidos a júri popular em dezembro, porém, o júri foi adiado para 2016.
Fonte: G1