Um vídeo feito por um empresário de Colorado do Oeste (RO), município distante 700 quilômetros de Porto Velho, deve ser fundamental nas investigações da Operação Libertas, que apura o esquema de corrupção na Secretaria de Finanças do Estado de Rondônia (Sefin). Nas imagens, supostamente gravadas em novembro de 2014, o auditor fiscal do órgão pede mais de R$ 15 mil em propina ao comerciante. O servidor Waldemiro Onofre, que aparece na gravação, foi preso pela polícia no dia 23 de abril.
No diálogo, o auditor propõe que o empresário emita cheques, com duas opções de valores, para o pagamento da propina. “Se der uma entrada agora, posso fazer mais cinco. Ou se não são cinco a partir do mês que vem. Aí vê contigo. Seria R$ 2,5 mil agora e um cheque de R$ 2,6 mil depois, ou R$ 3,1 mil a partir do mês que vem”, propõe Waldemiro.
O mesmo empresário também gravou o contador de um escritório de contabilidade Douglas Gonçalves Barbosa, que segundo a polícia também faz parte do esquema. Na conversa o homem explica como o auditor age na região. “Ele morde aqui de você. Ele pega de outro empresário. Eu falo pra ti. É todo auditor do estado inteiro que trabalha deste jeito”, diz.
O auditor fiscal que estava preso em Vilhena foi transferido para a Cadeia Pública de Colorado do Oeste. A defesa de Waldemiro informou que não encontrou tamanha irregularidade que resultasse na prisão de seu cliente e por isto entrou com pedido de relaxamento de prisão. O contador Douglas segue foragido.
As imagens gravados pelo empresário fazem parte do inquérito da Operação Libertas da Polícia Civil que investiga o esquema.
Operação Libertas
De acordo com a Polícia Civil, o contador fraudava o fisco-contábil e simulava irregularidades na contabilidade das empresas para gerar multas que iam de R$ 400 mil a R$ 1 milhão. Com a cobrança em mãos, o auditor e o contador procuravam os empresários e pediam por propina para liberar o pagamento da multa. Em um dos casos descobertos na Operação Libertas, um único empresário foi coagido a pagar R$ 40 mil.
Documentos obtidos pelo G1 revelam que a Sefin suspeitava de uma fraude há dois anos, após uma fiscalização em um laticínio de Cerejeiras (RO).
Fonte: G1/RO